quinta-feira, 21 de julho de 2016

O impacto de bons professores no aprendizado dos alunos
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Maria Alice Setubal

Maria Alice Setubal




Entre 2012 e 2015, os recursos destinados à capacitação de professores caíram 67,8% no país, de acordo com o jornal "O Estado de São Paulo". Com a redução do investimento, houve uma queda de 26% no atendimento aos professores. Segundo a reportagem, todas as modalidades de curso perderam alunos, mesmo os de Ensino a Distância (EAD). Também cursos semipresenciais passaram a ser na modalidade EAD. Outros cursos foram descontinuados, como a Redefor - Rede de São Paulo de Formação de Docentes.
Considerando nossos baixos indicadores de aprendizagem e ainda o fato de mais de 40,8% dos professores da Educação Básica não serem formados na disciplina que lecionam (conforme o Censo Escolar de 2014) esses dados são realmente preocupantes. Temos afirmado que a qualidade da nossa educação tem relação direta com a qualidade de nossos professores. Diversos estudos nacionais têm apontado as deficiências do professor, destacando a importância fundamental de uma mudança tanto na formação inicial do professor como na formação continuada e em serviço (dentro da escola), assim como na implantação de planos de salários e carreira condizentes com a importância da função docente.
No momento em que diversos países discutem a importância da educação ao longo de toda a vida, é assustador pensar que um estado como São Paulo reduza o investimento no maior ativo da educação, que é o professor.
A conhecida revista britânica "The Economist" colocou como capa de sua edição de meados de junho o tema "como fazer um bom professor", desmitificando as vocações ou soluções mágicas e enfatizando a importância da profissionalização docente. Segundo a publicação, é fundamental que os professores adquiram experiências de sala de aula e possam contar com escolas e instituições que tratem sua formação com rigor e possibilitem o seu contato com os colegas e a comunidade. A revista cita um estudo americano que demonstra que em um único ano os professores tidos como os 10% melhores impactam três vezes mais a aprendizagem dos alunos que os 10% piores.
Em outra edição, a mesma revista apresentou um dossiê sobre inteligência artificial, destacando o papel da educação diante das novas tecnologias e demonstrando tanto a importância de um ensino adaptativo de acordo com as características e níveis de cada aluno, como o fato de que a educação ao longo da vida é uma realidade. Nesse contexto, o aprender continuamente, o reaprender e a atualização de novos conteúdos são dimensões mais importantes do que o aprofundamento de um tema ou disciplina.
No entanto, a predominância de cursos curtos ou mais rápidos no mundo contemporâneo não significa que a educação básica perdeu sua importância. A ênfase dada à necessidade de uma sólida fundamentação nas habilidades de letramento e matemática é considerada como condição ainda mais vital para apropriação constante de novos conhecimentos.
A educação ainda é um desafio na sociedade contemporânea. Em um país como o Brasil, onde ainda não alcançamos níveis básicos na qualidade da aprendizagem de nossas crianças e jovens, negligenciar a formação dos professores é um risco de não só não avançarmos nos indicadores como comprometermos ainda mais as atuais e futuras gerações.
Estamos arriscando o futuro do país. 
Fonte:http://educacao.uol.com.br/colunas/maria-alice-setubal/2016/07/19/o-impacto-de-bons-professores-no-aprendizado-dos-alunos.htm

MARIA ALICE SETUBAL

Maria Alice Setubal, a Neca Setubal, é socióloga e educadora. Doutora em psicologia da educação, preside os conselhos do Cenpec e da Fundação Tide Setubal e pesquisa educação, desigualdades e territórios vulneráveis.

Um comentário:

  1. O PENICO e a Educação no Brasil

    Desde que se lançou o PENICO (Plano Educacional Nacional de Imbecilização Coletiva Organizada) o ensino no Brasil nunca mais se recuperou. Dos tempos dos institutos de educação, onde as professoras tinham que saber a matemática que iriam ensinar nas escolas e aprendiam português no livro do Souza da Silveira, com base no latim, chegamos a algumas quitandas de ensino de hoje, que partem da premissa de que na escola pública de ensino fundamental qualquer um pode ser professor.

    Essa mentalidade chega a ser sacrílega, pois afronta a própria Bíblia, que diz que SE UM CEGO CONDUZIR OUTRO CEGO AMBOS CAIRÃO NUMA VALA. Aliás, o sistema de ensino público no Brasil é quase todo ele atentatório à Bíblia. A Bíblia diz que “MUITOS SERÃO CHAMADOS MAS POUCOS OS ESCOLHIDOS” mas governos recentes diziam, demagogicamente, que “a universidade é para todos” e o “vulgum pecus” (royalties para o Monteiro Lobato) acreditava. Ora, se todos se tornarem doutores e diplomados, quem vai lavar os pratos, dirigir os caminhões e ajudar os pedreiros?

    A Bíblia diz: CONHECEREIS A VERDADE E A VERDADE VOS TORNARÁ LIVRES. Todavia, o sistema de ensino público no Brasil tem um temor patológico de encarar a sua própria realidade. Parafraseando o médico e político francês, Georges Clemenceau, que dizia que "A guerra é coisa importante demais para ser deixada por conta dos generais", eu digo que “a educação é coisa importante demais para ficar por conta dessas pessoas que a transformaram em feudos particulares”.

    Políticos falam de política, empresários falam de negócios, músicos falam de música, mas muita gente ligada ao mundo do ensino em geral não se manifesta, a não ser, talvez, em âmbito restrito, e nunca se sabe o que eles estão tramando. Mas pode-se inferir, pelos resultados, que as suas elucubrações são estéreis. Se fossem árvores que dessem bons frutos o ensino no Brasil não estaria entre os piores do mundo.

    O Novo Testamento nos apresenta um DEUS DE AMOR, com Jesus conclamando as pessoas a AMAREM-SE UMAS ÀS OUTRAS. Amam os professores os seus alunos? Não me parece que seja o caso, tudo indicando que prevaleça a INDIFERENÇA. De fato, professor não tem que amar aluno. O aluno, a menos que seja carente, afetivamente, não quer ser amado pelo professor. Ele quer que o professor cumpra O SEU DEVER DE ENSINAR. Ainda que a criança não tenha a compreensão da importância do que a escola pode lhe dar, o professor tem que ter a plena CONSCIÊNCIA DAS SUAS RESPONSABILIDADES e estar preparado para os desafios.

    Qualquer sistema, por mais iníquo que seja, pode trazer benefícios para um grupo. A Nigéria é um país que abriga uma vasta rede de CRIME ORGANIZADO, com predominância do tráfico de drogas, com falta de respeito aos direitos humanos e um sistema educacional decadente e com graduados mal preparados. Não obstante, tem pastores evangélicos milionários, que enriqueceram às custas da miséria e da ignorância do povo. A infelicidade de um povo pode levar muitos dos seus membros a consumir drogas. E essa infelicidade fará a riqueza de alguns. Um cachorro morto na rua faz a festa dos urubus que, se falassem, poderiam dizer: NÓS VIVEMOS DAS DESGRAÇAS ALHEIAS.

    Todavia, não se pode pautar a vida na sociedade humana pelas leis do mundo animal. Ninguém deveria viver às custas das desgraças alheias. Essa mentalidade pode trazer conforto para alguns, porém às custas do sofrimento de muitos. A iniquidade sempre terá, como consequência inevitável, o CASTIGO, que se apresenta nas mais diferentes formas, em geral como pobreza e sofrimento. Tirando os cataclismos naturais, a IGNORÂNCIA é a maior fonte dos sofrimentos humanos.

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