domingo, 17 de abril de 2016

SUSPEITA DE FRAUDE : ÚLTIMA PROVA DO SARESP FOI VISIVELMENTE MAIS FÁCIL !

SP: SARESP sob suspeita

É voz corrente dentro da rede estadual de ensino de São Paulo que algo ocorreu com a última edição do SARESP (Sistema de Avaliação de Rendimento do Estados de São Paulo)motivando a elevação das médias da rede. Na opinião de professores e alunos que participaram da prova, ela foi visivelmente mais fácil do que nos anos anteriores. Comprovada esta situação, teremos no mínimo um descuido, no máximo uma fraude.
Circulam ainda algumas explicações técnicas sobre uma possível “calibração” da prova para um patamar de menor exigência. A fase de calibração dos itens garante os parâmetros de qualidade de cada ítem. A fase de “equalização” garante que os itens das provas aos longo do tempo, sejam colocados em uma mesma escala, permitindo a comparação entre as aplicações feitas a cada ano.
O processo de calibração dos itens exige que se pré-teste cada item elaborado quanto à sua capacidade de discriminação, resposta ao acaso e dificuldade, na dependência do modelo de teoria da resposta ao item que se esteja usando. Todo este processo é documentado durante a fase de pré-teste com uma população de no mínimo 300 alunos, antes de ser aplicado a toda uma rede. A Secretaria tem conhecimento, portanto, do nível de dificuldade da prova.
No entanto, como se sabe, não há transparência da elaboração do processo de avaliação na rede estadual de São Paulo, o qual é entregue a empresas terceirizadas de avaliação. As bases de dados não estão disponíveis em formato de microdados que permita recálculo por pesquisadores independentes e, além disso, não há relatório técnico público do processo de montagem das provas e da pré-testagem.
Para se verificar a hipótese de rebaixamento de exigências na prova, seria necessário acessar o comportamento dos itens da prova na pré-testagem do ano de 2015 e anos anteriores que contivessem resultados dos pré-testes contrastados com os resultados finais obtidos nas provas reais, bem como acesso aos índices de discriminação e dificuldade dos itens que compuseram as provas nas suas últimas edições. Nada disso está disponível.
Não seria a primeira vez que teríamos uma situação como esta. Anos atrás, na Cidade de Nova York, Joel Klein, então Secretário da Educação, promoveu um rebaixamento das exigências nos exames da cidade para incentivar a percepção de melhoria na rede e acessar verbas federais. Lá, diferentemente, pode-se constatar o processo de facilitação. Klein perdeu o cargo.
Também aprendemos da experiência americana, o inverso. Quando se trata de acelerar os processos de privatização, as provas podem ser tornadas mais difíceis com o objetivo de culpar professores e escolas pelo fracasso dos estudantes e justificar processos de terceirização.
As provas do SARESP de 2015 e seus resultados estão, portanto, sob suspeita. E esta suspeita somente poderá ser afastada se a Secretaria de Educação constituir uma equipe de pesquisadores composta por profissionais da empresa terceirizada que elaborou os testes e também por profissionais independentes, para emitir um laudo final. Até lá, persistirá a dúvida.
É urgente que o Ministério Público seja acionado para garantir a transparência da qualidade das avaliações no Estado e que a Secretaria de Educação passe a abrir as bases de dados da série de avaliações do SARESP (bem como de seus relatórios técnicos de elaboração, composição das provas e pré-testagem), para serem baixadas e trabalhadas por pesquisadores independentes, na forma de microdados e não apenas em formato de dados agregados pela média das escolas, ou pelo IDESP.
fonte :https://avaliacaoeducacional.com/2016/04/14/sp-saresp-sob-suspeita/

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